Clips e Tombos

terça-feira, 4 de outubro de 2011

     Antes de trocar meus pedais originais por pedais clipless fiz muita pesquisa para saber quais as vantagens, qual a melhor marca, melhor custo benefício etc. Demorei pra escolher um, por que são muitos detalhes a se pesquisar. Enfim, escolhi o Shimano M520 SPD.

     Quando saí do cicle só tinha uma coisa em mente: NÃO POSSO CAIR.

     Os colegas mais experientes já haviam me falado que, inevitavelmente, eu iria tomar muitos tombos. _É cara. Tu vai tomar uns quatro ou cinco tombos na primeira semana. Não tem jeito. Até seu cérebro se acostumar... Eu achei que era mau agouro.
   

     Saí no transito com medo de clipar a sapatilha. Só fui clipar quando cheguei à autoestrada (Rio - Santos).

     Aí eu vi como o negócio é bom. A sapatilha, justinha no pé, alinhou minhas pedaladas, me dando mais confiança pra forçar, sabendo que não ia escorregar. Nas subidas a diferença de desempenho era nítida. Subi o Belvedere brincando. Na descida só não corri mais porque não tinha mais marcha. Fiz 55 km/h. Um recorde para mim  que sou iniciante e para o tipo de bike que tenho.

     Voltando ao Perequê, entrei numa estradinha de terra a direita. Era uma descida íngreme e um pouco esburacada. Meu celular, que uso como GPS e velocímetro, não estava bem preso no suporte (aliás, vendo suporte de GPS e celular para bicicleta) e num buraco mais fundo ele caiu no chão. Freei a bike e fui fazer a curva pra pegar o cel. Passei num monte de areia. Como meu pneu é slick (liso), derrapei. Sem clips, teria me apoiado e não teria caído. Com clips, fui ao chão. Pensei: _pronto. Fez-se a profecia. Levantei, me limpei, andei mais um pouquinho, peguei o celular no chão, montei na bike e fui pra casa sem clip.

     Cheguei a casa, a Raquel e a Amanda já estavam me esperando para o passeio daquela manhã. Cachoeira Joelão.

     Ajeitamos as coisas e partimos.

     Andei sem clips até sairmos do asfalto.

     Minha filha ainda estava aprendendo a passar as marchas. Quando chegamos à ponte que atravessa o Rio Mambucaba falei para a minha filha passar a marcha mais leve para poder subir a rampa de acesso. A coitadinha até que tentou, mas ficou nervosa e parou a bike. Eu, que estava colado atrás dela, parei também. Só me esqueci de um detalhe: Destravar a sapatilha. Conclusão: SEGUNDO tombo com direito a plateia. Esposa, filha e transeuntes. Levantei, desajeitado, sorriso envergonhado e empurrei bike o mais rápido possível, ponte acima,  para sair logo dali.


     Continuando o passeio, a Raquel cismou em tirar fotos da Amanda perto de uma roda de moinho de farinha antiga, no alto de um morro, onde o pai dela a levou a duzentos anos atrás. A Amanda, como uma lebre, subiu o morro num tiro só para mostrar que tinha aprendido a passar marcha. Eu, feliz pelo seu desempenho, fui atrás. Passei a menorzinha. Quer dizer... Achei que passei. A corrente pulou e caiu entre a catraca e a raiação. Sem tração, o giro do pedal aumentou e no desespero o obvio aconteceu. TERCEIRO tombo. Dessa vez tirei um fino da cerca de arame farpado da fazenda ao lado. Caí por cima da bike. Ganhei um lanho nas costelas. Um grito de CUIDADO PAI! de minha filha e uma sequência de fotos da Raquel para foto cacetada do Blog. Levantei desengonçado. Dessa vez com menos vergonha por que estávamos em família. Família é tudo de bom mesmo. Podemos cair e levantar quantas vezes forem necessárias e eles estarão lá para nos apoiar.

     Nesse dia não levei mais tombo. Nem em nenhum outro dia. Graças a Deus. O cérebro está acostumando a ser cauteloso. Destravo as sapatilhas bem antes de qualquer parada prevista. Perto de crianças. Próximo a veículos no transito etc.

     Desde quando comecei a usar Pedal clipless, nunca cogitei a hipótese de troca-los por um plataforma. Agora que parei de cair, me sinto seguro até pra recomendar a qualquer um que quiser levar sua pedalada um pouquinho mais a sério.

     Alias, aquele dia compensou todas as quedas.

     Abaixo seguem mais algumas fotos daquele dia dos tombos.


Esse foi épico

Cara de decepção
Sorriso da aceitação
Represinha


Minhas meninas


    
    
    



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Ótima Notícia

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

     Segue o Decreto Lei que autoriza ao ciclista a prender sua bicicleta nos postes e grampos quando não houver bicicletários. Ótima iniciativa da prefeitura do Rio de Janeiro que poderia ser seguida por todas as prefeituras do Estado.

     Parabéns aos amigos da bicicletada que estão sempre de olho e cobrando melhorias.

     Aqui no Perequê (Angra dos Reis) a prefeitura instalou vários bicicletários ao longo da rua principal de entrada da cidade. Estão de parabéns, mas ainda é pouco. Levando em conta o número de bicicletas aqui no bairro, que acredito ser muito maior que o de carros, deveria haver mais bicicletários, bem como uma ciclovia campanha forte para educação de transito para população em geral. Com a construção de Angra III a coisa deve piorar significativamente.

     A Eletrobrás/Eletronuclear, parceira da cidade em vários outros projetos, seria muito bem vinda neste também.



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Pedaladinha básica até Tarituba

terça-feira, 20 de setembro de 2011


Ontem fizemos aquela pedaladinha básica de fim de tarde. Fomos até Tarituba. Tava muito bonito o dia. Valeu a pena. Sempre vale.








Rota





Fotos do dia






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Pais, filhos e bicicletas

sexta-feira, 16 de setembro de 2011





     Aproveitando que a Amanda (minha filha) veio passar a semana do feriado de 7 de Setembro aqui em casa, resolvemos introduzi-la nessa nossa nova onda dos pedais. Eu pai coruja que sou, com essa filha que vejo pouco, quis deixar tudo preparadinho para minha filhota aproveitar o máximo e ir para sua outra casa com a melhor das impressões sobre o esporte. Já que o Denniel não estava por que foi para casa da mãe no Rio, fizemos uma troca. A Raquel passou a bike dela para Amanda e ficou com a do Denniel que é maior. Ajeitei o selim para altura dela, ensinei-a a vestir o capacete e nos preparamos para fazer o test drive. Meio sem esperança de que ela entendesse e gravasse o que eu estava falando, fui explicando o funcionamento das marchas, quando e onde muda-las etc. Ela só dizia hã-rã...
Lá fomos nós para nossa aventura pai e filha.

     Metas: Conhecer o Perequê (Parque Mambucaba), bairro onde moramos e ensina-la o básico sobre como andar corretamente de bicicleta em lugares movimentados.

     Minha filha tinha uma bicicletinha que eu dei para ela há muito tempo atrás ,mas mora num morro muito íngreme, ficando inviável pedalar por lá. Então, para ela, tudo nesse passeio seria novidade.
Logo na saída do nosso sítio para pegar o asfalto já veio a primeira lição. _Filha. Tá vendo essa rua que estamos entrando agora? _hã-rã. _Toda vez que você sair de uma rua, caminho, acesso etc., você para e olha para os dois lados da rua para ver se não vem carro, bicicleta, pedestre etc. Quem já está na rua  em que você vai entrar tem a preferência na passagem, ou seja, não precisa parar para você entrar na rua. Muita gente sofre acidente por que, na pressa, não para e olha para ver se vem alguém. Vão bora. Me segue...




     Entramos na rua e antes de dobrar a próxima esquina, mais uma lição: _Para aqui filha. Nós vamos dobrar naquela esquina. Aquela rua é menos movimentada. Mas olha só. Tá vindo um carro. Então a gente tem que esperar o carro passar para depois a gente virar a esquina. Não importa se for carro, bicicleta, pessoa e até animal. Como te disse lá atrás, a preferência é de quem já está passando na rua. Pronto. Já passou. Agora nós vamos dobrar a esquina, mas antes disso, temos que avisar que vamos fazer isso. _Como pai? _Simples! Basta balançar a mão do lado que você vai virar. Como nós vamos virar à esquerda, balançamos a mão esquerda. Vai! Balança aí! Vão bora... Pronto! Entramos na rua. Agora outra coisa muito importante. O ciclista só anda do lado certo! Ou seja, na mão correta. Na mão dos carros. E qual é o lado que o carro anda? Lado direito. Olha! Vem um carro atrás da gente. Não se preocupa. Ele está vendo a gente. _Será pai? _Está sim filha. A gente está todo bonitinho. É impossível ele não notar. Então fica tranquila. Fica na sua mão no cantinho da rua. Ele vai passar a gente sem problema. _"Bi bi". _Aí! Não disse? Achou a gente bonito. _Rs. _Vamos lá.




     E lá fomos nós pelas ruas tranquilas, passeando e nos deliciando naquele raro passeio de pai e filha. Veio a subidinha. _filha! Lembra o que falei sobre as marchas? Então é agora que vamos usa-las. Aqui, você só precisa usar a da direita. _essa pai? _Não filha. A da direita, direita. Essa é a direita, esquerda. _kkkkkkk. _Então, vá pedalando e puxando a alavanquinha até você sentir que a bike está mais leve. _Trek!Trek! _Mais um obstáculo vencido.


     Próximo obstáculo: Moleques na rua jogando bola. Esse foi fácil. A molecada avistou aquele anjo de capacete amarelo no seu cavalo vermelho e branco e todos ficaram paralisados. Só se ouviam sussurros: _caraca! _ deixa ela passar..._E ela passou. Imponente e eu atrás, de cara feia, como todo pai que se preze, mas não deixei de aproveitar a oportunidade para mais uma lição: Está vendo filha? Eles pararam para gente passar, mas não é sempre assim. Crianças são imprevisíveis! Então, sempre que a gente se deparar com alguma criança brincando na rua, reduzimos a velocidade e até paramos se for necessário.

     Deixamos os garotos para trás e entramos na principal. _Bom filha! Agora vai aumentar a adrenalina. Está vendo que aqui tem mais carros, bicicletas e gente. Mas não se assuste. Tudo que a gente precisa fazer é obedecer à lei e ao bom senso. Lembra quando falei sobre SEMPRE ficarmos na direita? _Lembro pai. Então, essa é a lei. Mas há horas que o bom senso vence a lei e a gente deve obedece-lo. Olha quanta gente de bicicleta na rua. Tem gente vindo pelo outro lado da rua, mas também tem um monte vindo em nossa direção do nosso lado. Bom... a gente sabe que eles estão errados, mas eles, na maioria das vezes não sabem disso porque eles não foram ensinados assim como você está sendo. Então é aí que entra nosso bom senso. Se a gente vê uma pessoa, ao longe, vindo em nossa direção, nós nos mantemos a direita para ela perceber que você quer passar por ali e não vai mudar de ideia. Daí a pessoa se sente mais segura e passa do seu lado esquerdo numa boa. Só que nem sempre isso funciona. Existem pessoas que se assustam com facilidade e ficam confusas e sem ação e continuam vindo em nossa direção do mesmo lado que nós. Então nós usamos nossa inteligência. Vamos reduzindo a velocidade, trocamos de lado com a pessoa e passamos por ela numa boa. Mas só faremos isso se não nos oferecer nenhum risco, ou seja, se vier um carro atrás de nós, o melhor é pararmos e deixar tanto a pessoa quanto o carro passar. Nossa vida em primeiro lugar! _Hã-rã.

 

     Entre carros, ciclistas, pedestres, seguimos em nosso passeio sempre comigo atrás dela, atento a tudo e a todos, zelando por sua segurança e admirando sua beleza, determinação e a felicidade estampada em seu rostinho. Rodamos o bairro todo, comigo a alertando, dando dicas, apostando uma corridinha nos trechos mais vazios. Naquele dia ela estava tossindo um pouco, mas isso não foi mencionado quando chegamos em casa. Ela exausta e feliz. Eu nem tanto exausto, porém realizado. Amo muito essa minha filha e ha muito vinha querendo fazer um programa como esse, simples, mas diferente de tudo que já fizemos antes.




     Deus é bom. Me deu filhos e bicicletas.


     Continua...

     Warley.





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Investimento e satisfação

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

     Saiu caro, mas valeu a pena.

     Hoje chegou meu equipamento novo que comprei no Evans Cycles lá no Reino Unido.
Como foi minha primeira compra internacional fiquei muito ansioso e um pouco surpreso com o que descobri sobre importação no nosso país.
     Levou 9 dias pra chegar. Seriam menos se não fosse o feriado de independência. Considerei relativamente rápida a entrega, levando em conta que comprei coisas aqui mesmo no Brasil que levaram mais tempo pra entregar.

     Fiquei surpreso com o serviço de entrega da UPS, empresa de courier (entrega porta-a-porta) que fez o transporte de minha mercadoria. O negócio é muito organizado. Tal como no SEDEX dos correios, eu recebi um código de rastreamento que me permitiu acompanhar todo percurso dos equipamentos até eles chegarem aqui em casa. Passou por três cidades na Inglaterra, foi pra Miami e desembarcou no aeroporto de Viracopos. A UPS, que possui uma instalação dentro do aeroporto, cuidou de resolver todos os trâmites da taxação com a receita e me enviou um e-mail com três opções de pagamento, boleto, cartão ou depósito bancário.

     Aí veio a parte dolorosa. Eu tinha pesquisado um pouco sobre taxação alfandegária antes de comprar. Mas pesquisei pouco mesmo. Achei que pagaria 60% de imposto sobre o total, já que a compra ficou em menos de 500 dólares. Acontece que interpretei a lei de forma errada. Na verdade essa taxação só é aplicada quando a encomenda vem de pessoa física para pessoa física. Saiu desse escopo, a coisa fica mais feia.

     Segue um exemplo básico para empresas de courier:

    VALOR DECLARADO: R$ 365,07

1º) Passo: 365,07 x 60% = 219,04

2º) Passo : 365,07+ 219,04 = 584,11

3º) Passo : 584,11 / 0,82 (base de cálculo) = 712,32

4º) Passo: 712,32 x 18%= 128,21

TOTAL : 219,04 + 128,21 + Taxas administrativas


     Depois que vi a dolorosa é que fui me aprofundar no assunto e descobri que existem macetes para diminuir o risco de seu produto ser taxado na alfândega.

     Pelo que eu li em fóruns como o do Pedal.com.br,  por Royal Mail é menos provável que produtos até 100 dólares sejam taxados, em contrapartida, o courier como o da UPS tem quase 100% de chance de ser taxado.

     Eu arrisquei, paguei além do que esperava, mas estou satisfeito.

     A qualidade dos produtos superou minhas expectativas. Tenho certeza de que se eu fosse comprar esse mesmo equipamento aqui no Brasil, esbarraria na dificuldade de encontrar algo similar em qualidade e que saísse mais barato.


     Outra coisa que senti dificuldade foi encontrar informações sobre tamanho de luva, pernito e camisa.

     Há muita discrepância de informação aqui no Brasil em relação aos produtos de lá. O Ideal é pesquisar nos sites lá fora. Já começa que tudo é medido em polegada. A camisa é chamada de Jersey e não T-shirt. tenho 94 Kg e fiquei na dúvida se comprava a Large( G) ou XL (GG). Fiquei na dúvida se o pernito (leg warmers) ficaria apertado ou caindo. A luva foi o pior. Não fazia ideia de como medir o tamanho. Existem vários métodos, mas encontrei um que me convenceu.


     Abaixo seguem os sites onde consegui encontrar todas as informações que precisei. Em inglês, mas nada difícil de entender.

Camisa

http://www.akapparel.com/custom-apparel/flexible-sizes.php

Pernito

http://www.sprintdesign.com.au/resources/warmers.png

Luvas



     Esse é o equipamento:


Image Description


Price

Shimano M520 SPD Pedals Shimano M520 SPD Pedals
White



R$ 50.75

Gore Bike Wear Xenon Gloves Gore Bike Wear Xenon Gloves
Black/Silver/Red, Small



R$ 61.79

Shimano MT42 Mountain Touring SPD Shoe Shimano MT42 Mountain Touring SPD Shoe
Brown, Size 43



R$ 132.41

Gore Bikewear Ozon Leg Warmers Gore Bike Wear Ozon Leg Warmers
Black, Large



R$ 77.24

Endura Shark Glasses Set Endura Shark Glasses Set




R$ 66.19

Altura Airstream Short Sleeve Jersey Altura Airstream Short Sleeve Jersey
Blue, Large



R$ 66.19




                                                                                                            Subtotal: R$ 454.57



R$ 454.57


     
      Enfim, estou muito feliz com a aquisição e brevemente, vamos investir em mais equipamento para o restante da família.





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Uma bicicleta, uma meta e muita determinação.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011


Hoje, após voltar da escola do Denniel, em que fui, muito orgulhoso, assinar um recibo referente ao notebook que ele ganhou do Governo do Estado por se destacar em uma prova aplicada por eles, passei por um homem, parado sozinho em um ponto de ônibus ao lado de uma bicicleta apinhada de sacolas e bugigangas. Gritei um oi pra ele e o mesmo me respondeu.
   
     Pedalei mais uns duzentos metros, mas a curiosidade foi mais forte. De onde viria, pra onde iria aquele "andarilho com rodas". Fiz meia volta e fui para o ponto de ônibus.

     Ele já estava saindo. Empurrando aquele monte de coisa em cima de uma quase invisível bicicleta, em que só se destacava as rodas. O resto era tudo tralha.
 
     Quando cheguei perto  ele estava atravessando a estrada e percebi que ele ficou meio tenso. Achou que eu queria passar e parou no meio da estrada e falou: _Vamos! Vamos!

     Eu encostei logo a frente, esperei ele atravessar e disse: _queria falar com o senhor. _o que quieres? Perguntou ele meio assustado. _É que eu passei pelo senhor e o vi aí com sua bicicleta cheia de coisas e fiquei curioso! Aí, já com o sorriso aberto ele disse: _ Si, si... Você não é o primeiro que me diz isso. Pronto. Bastou para que começássemos a conversar como velhos amigos, acabando por eu acompanha-lo por um tempo até que ele me contasse o que o fez parar ali, no meio da Rio/Santos.

     Seu nome era Hernesto. Vinha de Montevideo no Uruguai e estava na estrada há setenta dias.

     A motivação? Conhecer pessoalmente sua filha, fruto de um relacionamento de vinte e seis anos atrás e que ele nem sabia que existia.

     Karina, que mora em Recife, depois da morte de sua mãe há um ano, resolveu procura-lo e desde então os dois vêm planejando esse encontro pela internet.

     Com tudo acertado, Hernesto partiu com sua ideia na cabeça e muita motivação no coração.

     Comprou, bicicleta nova, acessórios, mapas do Brasil, câmera pra registrar a viajem caneta e papel. Sim caneta e papel por que ele é escritor. Escritor de livros infantis. Passei a gostar mais ainda do homem.

     Eis que quando chega numa das primeiras cidades, surge o que eu consideraria o maior desafio de toda a empreitada.

     Hernesto parou num posto de gasolina e foi tomar um banho. Quando voltou se deparou com o absurdo. Cadê a bicicleta? Falou com os frentistas. Ninguém viu nada. Incrível! Procurou desesperado. O sonho ficando cada vez mais distante. Depois de muito tempo. Sentou no meio fio, desolado, sem dinheiro, celular, com fome e pensou: _has acabado...

     Nesse ínterim já se aglomerava uma pequena multidão. Ouve-se o burburinho: _coitado e agora? _temos que fazer alguma coisa pra ajuda-lo. Um frentista falou mais alto: _O tio! Eu tenho uma magrela velha ali... Se o senhor quiser, pode ficar com ela. O homem nem bem respondeu e uma senhora disse: _Eu tenho umas panelas velhas... Um guri disse: _eu posso arrumar uma mochila velha. _eu também, eu também... E assim com a solidariedade dos presentes ele pôde seguir sua viagem e seu sonho. Ficou triste por que não pode registrar em sua câmera roubada as lindas imagens que se seguiriam, mas ainda lhe restava sua imaginação, caneta e papel para escrever estórias lindas para suas netinhas que o esperavam em Recife.

     Já o tinha acompanhado até o cume daquele morro e ele já estava se preparando pra montar na bicicleta e descer a banguela, então pedi pra bater uma foto dele para por aqui no nosso blog. Aí ele me perguntou: _Tu és jornalista? _Não. Sou bombeiro ali naquela Usina Nuclear. _Oh. Fiz muitos amigos bombeiros e policiais pelo caminho. Fiquei, como nunca fiquei antes, muito orgulhoso de ser bombeiro apesar de não poder ajuda-lo naquela hora. Pedi pra tirarmos uma foto juntos e nos abraçamos de lado como velhos amigos.

      Desejei-lhe uma boa viagem, recomendei-lhe muito cuidado e fiz meia volta, duplamente feliz, por ter conhecido tão simples figura que me fez pensar no quão pouco precisamos para ser feliz.

     Sei que dificilmente o verei novamente, mas espero de coraçao que o Hernesto consiga encontrar a Karina e suas netinhas e que essa aventura tenha um final muito feliz.


Hernesto e sua fiel companheira "substituta"



Depois que viu essa foto, falou: _estou velho né? rs

     Warley.


     




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Pedalada em 20 de Agosto de 2011 - Destino: Cachoeira do Joelão (Sertão do Perequê - Angra dos Reis - RJ)

sábado, 27 de agosto de 2011


     Dia 20 fomos conhecer mais um pouco do lugar onde moramos. Essa rota, descobri por acaso, depois de ter me perdido tentando fazer outra rota. No dia anterior a esse passeio, eu estava fissurado em pedalar, e como a Raquel não podia ir, por causa de compromissos inadiáveis (Cabeleireira... rs), tive que ir sozinho. Foi até bom. Se ela tivesse ido comigo pelo caminho que eu fui, poderia não ter dado tempo de ela voltar a tempo de começar a trabalhar. Então... No caminho há várias subidas, descidas e bifurcações e numa desses Y eu parei e fiquei na dúvida de qual seguir pra chegar à ponte de arame. Dai, como estava previsto nas leis de Murphy, eu tomei o caminho errado. Pedalando mais uns 4 km mata adentro, já pensando na burrice que cometi, eis que encontro uma ponte de madeira, com um riozinho lindo, de águas transparentes, cheio de lambaris, traíras e carás. Dei uma boa olhada no lugar... Esperei um tempo até que passou um cara de mobilete e que me disse q ali pra cima tinha uma cachoeira... Fiquei empolgado. Voltei pra casa doido pra chegar logo o outro dia. Quem bom que chegou...

     Saímos às 8 e meia, mas antes tivemos q passar no Amorim pra remendar minha câmara de ar q furou na noite anterior (na porta do boteco). Feito o remendo, partimos em direção da ponte de arame (que não tem mais nada feito de arame) fazendo o caminho inverso do dia anterior. Passando pela ponte, tudo mudou. Algumas fazendas pelo caminho, com bois, ovelhas e verde. Muito verde.

     O caminho é um desafio pra gente que ainda está meio que saindo de anos de ócio. Algumas subidas exigem muita força de vontade e coordenação na troca de marchas pra que sejam feitas com o menor esforço possível. As descidas são adrenalina pura. Muito cascalho na estrada, o que exige pulso firme pra segurar o guidão e bons freios pra segurar a magrela.

     Abaixo seguem a rota no Google Maps, algumas fotos do caminho e um filminho curto Cachoeira do Joelão. Nem sei se é assim mesmo que se escreve o nome, mas foi assim que entendi como as pessoas do local a chamam.



Visualizar Rota Cachoeira Joelão em um mapa maior






Aqui são as fotos dos primeiros trechos, já abandonando a cidade e rumo ao sertão






A Ponte de Arame, que continua com este nome até hoje, apesar de não ser feita mais de arame.







Aqui começam as belezas naturais...


 Dá pra pescar nesse rio... vamos?

Os palmitos Jussara, os frutos de açaí..









Terra tratada com cal


 


Essa montanha a gente consegue ver lá de casa, mas aqui no sertão, conseguimos vê-la com muito mais nitidez.










Esse morador apontou pro outro lado quando perguntei pra onde ficava a cachoeira Chapéu do Sol

Foi tentar atravessar o rio e encalhou. Reclamou q teve q molhar o pé.

Ponte de madeira




Sítio do Sr. Hernandes (ou Hernando) Não entendi muito bem.




Tanques de criação de tilápia






Olha o perú. Glu-gluuu. Rss








Piscina natural. Linda...



Só felicidade...


Denniel se amarrou...

Pras vaquinhas, nós somos a atração.

Deu pra fazer até carinho nas ovelhinhas. quando a Raqule chegou perto elas correram. Nao sei por que... Rs

E esse foi o final... Em breve voltaremos.


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